Vindo de uma Série-B tranquila, o Palmeiras iniciou
a temporada de 2014 - ano de seu centenário - confiante
e disputando um bom Paulistão. Nas primeiras seis
rodadas foram seis vitórias. A fase era tão
boa que a venda do então capitão Henrique
ao Nápoli não foi muito sentida. A série
positiva foi quebrada com dois empates seguidos, contra
Audax e Corinthians. A primeira derrota veio apenas no décimo
jogo, para o Botafogo, em Ribeirão Preto. Uma nova
sequência de vitórias, desta vez de cinco jogos,
porém, amenizou os tropeços, até que
veio outro clássico, contra o Santos, e a derrota
na Vila Belmiro acendeu o sinal da alerta na torcida. Uma
semana depois o time seria eliminado do estadual pelo Ituano,
em pleno Pacaembu lotado.
Uma das vitórias na série de cinco jogos citados
acima foi pela estreia da Copa do Brasil, quando o Palmeiras
bateu o Vilhena-RO apenas por 1 a 0, não eliminando
o jogo de volta. Em São Paulo a vitória por
2 a 0 confirmou a vaga para a fase seguinte, diante do Sampaio
Corrêa-MA. A essa altura o time do então técnico
Gilson Kleina já havia estreado mal no Brasileirão
(2 derrotas em 3 rodadas) e perdido seu artilheiro, Alan
Kardec, em mais uma negociação muito mal conduzida
pela diretoria, que preferiu economizar míseros 5
mil reais na proposta de renovação; o camisa
14 acabou pulando o muro, acertando com o rival São
Paulo.
Paralelamente ao caso Kardec, o Palmeiras também
ficou sem técnico, já que Gilson Kleina não
resistiu à derrota no jogo de ida para o Sampaio
Correa (2 a 1). Na volta, comandado pelo interino Alberto
Valentim e com gol de Henrique, substituto de Kardec, o
time fez 3 a 0 e avançou de fase. O adversário
seria o Avaí, mas os confrontos aconteceriam apenas
depois da Copa do Mundo. Antes do Mundial o Verdão
chegou a esboçar uma reação no Brasileirão,
vencendo três jogos seguidos, mas os resultados não
fizeram a diretoria pensar em efetivar o interino. Paulo
Nobre e Brunoro foram atrás de um técnico
mais experiente. Após um processo de seleção
que envolveu entrevistas com os candidatos, o escolhido
para assumir a equipe foi o argentino Ricardo Gareca, multicampeão
pelo Vélez Sarsfield.
Para se ambientar ao clube, ao futebol brasileiro e também
para conhecer o elenco, Gareca optou por não assumir
o Verdão antes da Copa. Ele acompanhou o time nos
últimos jogos pré-mundial e "tomou posse"
durante o torneio, tendo quase 1 mês de treinos pela
frente. O longo período, porém, não
impediu o time de perder 6 dos 7 jogos seguintes pós-Copa
pelo Brasileirão. As vitórias sobre o Avaí
(dando vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil) e Fiorentina
(pela Copa Euro-Americana) amenizaram um pouco o péssimo
começo de trabalho do argentino.
Para piorar a situação o Palmeiras não
contava com seus dois principais jogadores: Fernando Prass
e Valdivia. O goleiro lesionou o cotovelo direito antes
da Copa e ficaria fora de combate por 8 meses. Todos goleiros
que foram testados no lugar do titular não agradaram,
em especial o garoto Fábio, que até praticou
belas defesas, mas que foram ofuscadas por falhas bisonhas,
comprometendo resultados de vários jogos, como diante
do São Paulo, Sport e Internacional. Já com
Valdivia o problema (dessa vez) não foi lesão,
e sim descaso e/ou mais um caso de má condução
por parte da diretoria.
Liberado para tirar férias após o Mundial
- mesmo com o Palmeiras mal, o chileno embarcou para a Disney;
antes dele voltar surgiu a notícia de que havia sido
negociado com um clube árabe (Al Fujairah) por R$
6 milhões de euros. E como tudo que envolve Valdivia
é complicado, a venda acabou sendo cancelada e o
meia teve de se reapresentar ao clube, que a essa altura
já se conformava em apenas lutar contra a zona de
rebaixamento.
Sem poder contar com Prass e com Valdivia, Gareca tinha
em mãos vários argentinos contratados a seu
pedido. Fernando Tobio, Pablo Mouche, Agustín Allione
e Jonatan Cristaldo chegaram ao Palmeiras após a
Copa, mas mesmo sob o comando de Gareca eles tiveram poucas
oportunidades. A falta de desempenho e de resultados, dentre
eles a derrota no primeiro jogo das oitavas de final da
Copa do Brasil diante do Atlético-MG no Pacaembu,
culminou com a demissão de Gareca. Era dia primeiro
de setembro. Restaria um turno inteiro para o time tentar
evitar o rebaixamento.
O treinador que recebeu a missão de tentar evitar
mais uma queda em doze anos foi Dorival Júnior, que
na temporada passada já havia rebaixado Vasco e Fluminense.
Dorival não comandou o time no jogo de volta da Copa
do Brasil; coube a Alberto Valentim presenciar do banco
a derrota por 3 a 0 para o Atlético-MG na Arena Independência,
confirmando a eliminação. O novo treinador
teria, portando, um único objetivo: salvar o Palmeiras
da degola.
A estreia foi no último jogo do primeiro turno, e
o empate diante do Atlético-PR fora de casa deu um
certo ânimo ao time, que logo depois derrotou o Criciúma
no Pacaembu. Na sequência, porém, vieram três
partidas sem vitória, e a última delas foi
uma humilhante derrota para o Goiás por 6 a 0, em
Goiânia. A consequência foi a queda para a lanterna
do Brasileirão. Não tendo mais para onde cair,
o time reagiu quatro dias depois vencendo o Vitória,
novamente no estádio municipal.
Após a surra e a recuperação, o Palmeiras
voltou a ser derrotado, desta vez pelo Figueirense num jogo
que Valdivia foi muito criticado por não ter feito
um gol fácil quando o placar apontava 1 a 0 a favor
do Verdão. E como oscilação era a marca
da equipe, logo na sequência vieram três vitórias
seguidas, sobre Chapecoense, Botafogo e Grêmio. Os
9 pontos fizeram o Palmeiras alcançar a décima
segunda colocação com 34 pontos, passando
ao torcedor a sensação de que o rebaixamento
seria facilmente evitado. Mera ilusão...
Das dez rodadas que faltariam para o término do campeonato,
o Palmeiras precisaria vencer no máximo quatro para
não cair, mas só conseguiu bater o Bahia,
em Salvador. Nos outros nove jogos foram 6 derrotas (para
Santos, Atlético-MG, São Paulo, Sport, Coritiba
e Internacional) e 3 empates (com Cruzeiro, Corinthians
e Atlético-PR). Três dessas partidas fizeram
o Palmeirense sofrer ainda mais: os empates com Cruzeiro
e Corinthians, quando os adversários marcaram seus
gols nos acréscimos, e naquela que poderia ser a
única alegria do torcedor no ano do centenário:
a inauguração oficial do Allianz Parque, mas
o Sport estragou a festa.
Com míseros 40 pontos o time do técnico Dorival
Júnior conseguiu se garantir na primeira divisão
graças aos últimos quatro colocados, que foram
ainda mais medíocres (Vitória, Bahia, Botafogo
e Criciúma).
Antes da temporada terminar o presidente Paulo Nobre foi
reeleito (superando Wlademir Pescarmona na primeira eleição
direta da história do clube) e Dorival Júnior
caiu, sendo substituído por Oswaldo de Oliveira.
Não tem como 2015 ser pior. Que San Genaro nos proteja!
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Eduardo Luiz
Equipe PTD