04 de outubro
de 2009. Após vencer o Santos de virada por
3 a 1 em plena Vila Belmiro, o Palmeiras chegava
a 57 pontos e abria 5 de vantagem para o segundo
colocado. Faltando 12 rodadas para o fim do campeonato,
os torcedores mais animados já ousavam
dizer: "só perderemos o título
se algo de muito grave acontecer". Aconteceu.
Voltando um
pouco mais no tempo, mais precisamente em 04 de
agosto, o presidente
Luiz Gonzaga Belluzzo peitou os dólares dos
europeus e anunciou, em comum acordo com a Traffic,
que os "craques" do time não seriam
negociados. "Nenhum jogador vai sair do Palmeiras
este ano. Só por cima do meu cadáver"
disse o presidente na ocasião. O objetivo
era claro: ser campeão brasileiro pela nona
vez.
Outras medidas para o título ser conquistado
já haviam sido tomadas. Muricy Ramalho, campeão
nas três edições anteriores,
foi contratado. Salários de diversos atletas
foram reajustados e por fim a contratação
de Vagner Love foi anunciada. Em tese, o Palmeiras
tinha feito o necessário para garantir o
título.
Dentro de campo o time de certa forma correspondeu.
Por 19 rodadas seguidas a liderança
foi alviverde (apesar dos desfalques - os mais sentidos
foram Pierre e Maurício Ramos). Porém,
o castelo de areia dos Palmeirenses começou
a desmoronar quando Dunga, técnico da seleção
brasileira, convocou de uma só vez os dois
jogadores que mais se destacavam no time: Diego
Souza e Cleiton Xavier. A dupla ficou fora das partidas
contra Avaí e Náutico. A partir de
então começou a derrocada alviverde.
Contra o Avaí, no Palestra Itália, o
Palmeiras arrancou um empate por 2 a 2 após
estar perdendo por 2 a 0. No jogo seguinte veio
o primeiro dos maiores baques: 3 a 0 para o medíocre
time do Náutico. Já com o retorno
dos selecionáveis, o Palmeiras recebeu o
Flamengo em casa e simplesmente assistiu ao sérvio
Petkovic definir a partida a favor dos cariocas:
2 a 0. Três dias depois a tabela ofereceria
ao líder a chance da redenção:
enfrentar o Santo André, um dos piores times
do campeonato. Em campo o que se viu foi um Palmeiras
com futebol de rebaixado: Santo André 2 a
0. O sinal de alerta, que era amarelo, ficou vermelho.
Uma semana depois, quando o time goleou o Goiás
por 4 a 0 no Palestra Itália, os Palmeirenses
acreditaram que o período de azar já
havia passado. O jogo seguinte seria o clássico
contra o Corinthians, freguês que não
nos derrotava há 3 anos, cenário
perfeito para ratificar a reação.
Jogando no calor de Presidente Prudente, o Palmeiras
permitiu ao Corinthians estar a frente no placar
por duas vezes. Mesmo com Marcos expulso, o time
reagiu e buscou o empate, considerado um bom resultado
pelas circunstâncias da partida. Em tese foi,
mas na classificação já não
havia mais gordura para ser queimada.
Depois do Corinthians o Palmeiras tinha pela frente
outro adversário da zona de
rebaixamento, o Fluminense. O time jogava corretamente
até que o gaúcho Carlos Eugênio
Simon anulou um gol legítimo de Obina. No
restante do jogo o árbitro ainda deixaria
de assinalar um pênalti em Danilo e também
não expulsaria um jogador que agrediu Armero
com uma cabeçada. Isso sem contar que o Fluminense
chegou ao gol da vitória graças a
um lance duvidoso (a bola teria feito a curva por
fora do gramado na cobrança de escanteio
executada por Conca). O assalto de Simon no Maracanã
custou a liderança do campeonato e por tabela
a elegância do presidente Luiz Gonzaga Belluzzo,
suspendo pelo STJD por 9 meses alguns dias depois
de ofender o gaúcho.
Na rodada seguinte porém novamente a tabela
daria ao Palmeiras a chance de se reerguer, mas
de novo o time de Muricy Ramalho desperdiçou
a oportunidade. Jogando contra o lanterna da competição,
o Sport, o Palmeiras por pouco não saiu derrotado;
o ponto do empate (2 a 2) foi conquistado aos
40 minutos da etapa final com um gol polêmico
de Danilo.
Após a sequência incrível de
resultados negativos, a possibilidade de título
já era encarada como improvável por
grande parte dos torcedores, por mais que matematicamente
ainda houvesse chance.
Para manter o time vivo, o elenco classificou o
jogo contra o Grêmio como uma "final
de campeonato". Ganhar do último anfitrião
invicto do campeonato definitivamente recolocaria
o Palmeiras no páreo. Após um primeiro
tempo correto, o time vacilou e tomou um gol praticamente
nos acréscimos. A pá de cal foi dada
por Maurício Nascimento e Obina no intervalo;
os dois se agrediram e foram corretamente expulsos
pelo árbitro. Com 9 jogadores em campo o
time ainda sofreu mais um gol e perdeu outro jogo.
Ainda no vestiário do estádio Olímpico
a diretoria anunciou a demissão dos brigões.
Dos 27 pontos disputados desde o empate com o Avaí,
o Palmeiras somou míseros 6. Com
esse aproveitamento esdrúxulo, o time saiu
definitivamente da disputa do título, que
caiu no colo do São Paulo ou do Flamengo.
Hoje até a vaga na Libertadores é
encarada como duvidosa pela torcida.
Ficam as perguntas: o que aconteceu? Como o time
jogou no lixo uma das conquistas mais ganhas da
história? Perguntas que permanecerão
martelando a cabeça do Palmeirense por muito
tempo...